A culpa é de quem?
Atualizado: 2 de abr. de 2022
Quando as coisas vão bem, me sinto ótimo. Quando acontecem desafios nos relacionamentos, no trabalho ou no mundo, a culpa é de quem?
O sentimento de culpa é algo estrutural na nossa sociedade. Independentemente de suas origens, o fato é que ela muitas vezes se atravessa desnecessariamente no nosso caminho. Quando cometemos um equívoco, pode ser que fiquemos remoendo aquilo durante dias.

No entanto, se pararmos para pensar, qual a utilidade da culpa? Ela traz progresso ou reparo?
Claro, a nível mental, podemos afirmar que entendemos isso. Mas e quando existe aquela culpa crônica, provavelmente vinda lá da infância, que nos visita com bastante frequência?
Quando você a percebe, pode ser uma oportunidade de transformá-la em autorresponsabilidade.
Essa qualidade é muito importante para a nossa felicidade, mas vejo que, por nos culparmos muito, também tendemos a culpar os outros pelos nossos obstáculos, fazendo com que tenhamos pensamentos e atitudes como: “sou assim por causa da minha mãe”, ou “isso tudo está acontecendo por sua causa, porque VOCÊ não me entende!”.
Autorresponsabilidade é você resgatar a liberdade de ser quem é. É olhar para as situações, para as pessoas e para suas próprias emoções com autonomia.
Até onde eu posso mudar? Quando entra a culpabilização do outro para não assumir o meu papel dentro de certo relacionamento?
Entende como é tênue a linha entre autorresponsabilidade e culpa?
A diferença crucial é você perceber a energia dessas duas posições. Enquanto a culpa é destrutiva e nos corrói por dentro, a autorresponsabilidade tem o poder de nos dar vontade e otimismo na mudança do que é possível mudar e o alívio gerado pela autocompaixão diante dos erros passados.
Enquanto a culpa se baseia em emocionalismo e egoísmo, a autorresponsabilidade é baseada na realidade. Vemos as coisas e as pessoas como são e as opções que temos diante delas. E sim, no mundo que vivemos nos deparamos com cenários muito limitados e difíceis de engolir. Através da aceitação disso tudo, brota a nossa chance de efetivamente podermos fazer algo transformador.
Reconhecer esse protagonismo pode não ser fácil. Mas o fato de você buscar resgatar essa consciência já é um início para tomar as rédeas do que mais importa: a sua própria mente.
Um grande abraço,
Daniel Danguy